O presidente do PSD considerou hoje que o estado da nação “é grave” e que “o país está a empobrecer”, apelando à “sensibilidade social, moralidade e humildade” do Governo para aplicar o excedente de receita fiscal em apoios sociais.
Em declarações aos jornalistas no final de visitas a dois projetos na área social em Cascais, Luís Montenegro foi questionado sobre o seu diagnóstico sobre o estado da nação, na véspera do debate parlamentar com este tema.
“O estado da nação é grave, é um estado em que estamos a empobrecer, estamos a sofrer na pele os efeitos da falta de transformação e reformismo em Portugal”, afirmou, apontando que, apesar de “o Governo não ter culpa de haver guerra”, a inflação já estava a subir antes do conflito na Ucrânia e já existia “um caos completo nos serviços públicos essenciais”.
Luís Montenegro apontou alguns números para sustentar as suas afirmações.
“Nós hoje somos um país mais pobre porque estamos a ter um ritmo de crescimento inferior, muito inferior, à media de todos os países da União Europeia, temos um rendimento per capita que é o 21.º dos 27”, referiu. “Pior do que isso”, considerou, é que “de 2016 a 2021, anos da exclusiva responsabilidade do PS e anos onde todos os países foram atingidos da mesma maneira pela pandemia, o crescimento acumulado do PIB português foi de 7,1%”.
Questionado se não é um problema não estar no parlamento para questionar diretamente o primeiro-ministro, Luís Montenegro respondeu negativamente e aproveitou as visitas as instituições para reiterar um apelo que tem feito ao Governo.
Visita ao projeto “Bata Branca”
Acompanhado por Carlos Carreiras, presidente da Câmara de Cascais, e o vice-presidente do PSD (e também ‘vice’ deste município), Miguel Pinto Luz, o líder do PSD começou por visitar o projeto Bata Branca, na Unidade de Saúde Misericórdia de Cascais, que garante o acesso a consultas de clínica geral a todos os munícipes sem médico de família atribuído.
Daí, o presidente do PSD e comitiva seguiram para a “Cozinha com Alma”, um projeto social que vende refeições para fora ao público em geral e cujas receitas são utilizadas para apoiar famílias carenciadas (entre 70 e 80, atualmente).
Luís Montenegro partilhou com a responsável, Cristina de Botton, uma confidência: “Já cozinhei para 80 ou 100 pessoas em refeições sociais, nunca publicitei isso”. Questionado pelos jornalistas qual era a sua especialidade na cozinha, explicou que nessas ocasiões teve de recorrer a pratos mais simples.
“Costumo fazer rojões, feijoadas, coisas que em quantidade se conseguem cozinhar melhor”, disse.
Recorde-se, o projeto ‘Bata Branca’ resulta da parceria entre a Câmara Municipal de Cascais, a Santa Casa da Misericórdia de Cascais e a Administração Regional de Saúde de Lisboa e Vale do Tejo (ARSLVT), através do Agrupamento de Centros de Saúde de Cascais (ACES), e assegura a prestação de serviços e cuidados de saúde à população adulta, maior de 18 anos inscrita na Unidade de Cuidados Personalizados (UCSP) Cascais e Parede, mas que ainda não foi possível atribuir médico de família.