“A minha história não é igual à tua” no espaço CriArte em Carcavelos, no concelho de Cascais, esta sexta e sábado, sempre com início marcado para as 19h00

Nove reclusos da prisão do Linhó, em Cascais, apresentam, hoje e sábado, um espetáculo de dança resultante da experiência no projeto “Corpo em Cadeia”, através do qual a equipa promotora espera fornecer recursos para uma nova “coreografia de vida”.

Intitulado “A minha história não é igual à tua”, com direção artística de Olga Roriz, e Catarina Câmara como assistente de direção, o espetáculo insere-se no projeto de arte participativa desenvolvido pela companhia da coreógrafa, e chega hoje ao espaço CriArte em Carcavelos, no concelho de Cascais, cerca de um mês após a estreia no Grande Auditório da Fundação Calouste Gulbenkian, em Lisboa, ocorrida a 10 de julho.

O projeto também envolveu a Direção-Geral de Reinserção e Serviços Prisionais e o Instituto Gestalt de Florença, com o apoio do programa Partis – Práticas Artísticas para a Inclusão Social, da Gulbenkian. O projeto “Corpo em Cadeia” foi desenvolvido desde 2019 no Estabelecimento Prisional do Linhó, e, pelos ensaios, passaram vários reclusos que, entretanto, saíram da prisão, mobilizando, o espetáculo final, bailarinos, psicólogos e voluntários.

Durante meses, os participantes fizeram um “trabalho de consciência do corpo e do movimento, através da linguagem da dança”, e apenas um deles tinha alguma experiência.
Um dos momentos mais intensos do espetáculo acontece quando começam a desenhar as suas celas a giz no chão, num retângulo exíguo que contém uma cama, uma lavatório e sanita, e aí se movem, contando a sua história.

Olga Roriz fica sempre surpreendida quando vê “pessoas que não tinham apetência para serem bailarinos [que] conseguiram chegar aqui e apresentar um espetáculo”.

Este projeto de arte participativa desenvolvido pela Companhia Olga Roriz, pela Direção-Geral de Reinserção e Serviços Prisionais e pelo Instituto Gestalt de Florença, com o apoio do programa PARTIS – Práticas Artísticas para a Inclusão Social, visa criar condições para o desenvolvimento artístico e humano de pessoas em situação de privação de liberdade. A ideia principal é “potenciar a experiência transformadora da dança junto de uma comunidade quase invisível aos olhos da sociedade, ajudando a capacitá-la na construção de projetos de vida assentes em escolhas mais preparadas, livres e conscientes”.

“A minha história não é igual à tua” fica no espaço CriArte em Carcavelos, no concelho de Cascais, hoje e sábado, sempre com início marcado para as 19h00.

Os intérpretes são Fábio Tavares, Jackson Teixeira, Jeferson Silva, Juvelino Moreira, Manuel Antunes, Nelson Varela, Paulo Barbosa, Rui Tiquina e Wilson Ribeiro.