Observação de Golfinhos em Cascais

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Foi em 2010, depois de uma longa jornada no mar a dar a volta ao mundo de barco à vela que João Monarca criou a primeira empresa de observação de cetáceos sediada na Marina de Cascais. Apelando ao respeito pelos animais e ao meio ambiente, anualmente mais de mil pessoas participam numa experiência ímpar, em contato com cetáceos e outros seres vivos no seu habitat natural.

O clima ameno e com uma média de 200 dias sem chuva por ano, é um dos fatores que leva milhares de pessoas a procurarem a DolphinExplorers para a observação de cetáceos no seu habitat natural. A experiência começa na Marina de Cascais. Rui Cruz é o responsável por levar todos os turistas, numa viagem com uma duração média de mais de duas horas, a 5 milhas da costa (cerca de 8km), para viver uma experiência única e interagir com golfinhos.

Mas, como qualquer outra atividade lúdica é necessário alguns cuidados desde a aproximação, a velocidade ou a mudança de direção repentina da embarcação, que pode alterar o contato. “As principais preocupações desde o início do projeto é com os animais e com o ambiente. Estão na nossa prioridade máxima, cumprir com todos os cuidados regulamentares como por exemplo a zona de aproximação do ser vivo a observar, velocidade de aproximação aos cetáceos. A duração da nossa presença com os cetáceos, está muito relacionado com o bem estar deles. Se mantivermos as condições ideais eles sabem exatamente onde estamos e tem capacidade de manter a distância para a segurança deles”, refere.

Segundo Rui Cruz, cada viagem é única. Para isso pretendem criar o máximo de condições levando apenas 12 pessoas de cada vez para que cada participante consiga observar e interagir de forma natural com os golfinhos. “Não fazemos esta atividade com uma escala maior, acabamos por não responder aos princípios que defendemos, é fácil ver em muitos países e em Portugal também, demasiados barcos com dezenas de pessoas a bordo, a fazer esta atividade na mesma zona, isso causa stress aos animais, nós não vamos para ao pé deles, deixamos que eles decidam a aproximação e que se mantenham seguros”, afirma.

Ultimamente a costa de Cascais tem aumentado a quantidade de golfinhos que aí permanece. As alterações climáticas e a pandemia são o resultado deste contato mais próximo com o ser humano conforme afirma Rui Cruz. “Além das alterações climáticas que temos assistido, a pandemia veio ajudar, ao retirar tráfego pesado (grandes cruzeiros e navios de carga) tem uma particularidade que a maioria das pessoas não conhece, é o nível de ruído, os golfinhos são altamente sociáveis, necessitam e estão em constante comunicação e este ruído causa a falha entre membros da mesma família ou grupos de golfinhos, implica também a perda da localização das crias, afastadas dos progenitores normalmente morem, é essa a consequência drástica.”

Devido também à falta de navios pesqueiros de grande porte, aumentou a quantidade de alimento.“Sendo uma necessidade básica e havendo alimento, tem mais presença, mais próximo da costa porque paralelamente aos navios, a atividade náutica lúdica também diminuiu e vão-se aproximando gradualmente, o meio marinho não sendo explorado em demasia, tem tendência a crescer e a desenvolver”, afirma.

Com os passageiros segue também a bordo a Bióloga Marinha, Sara Grilo, que ao longo do percurso vai informando sobre as espécies que se podem observar, como por exemplo o Golfinho Comum, Roaz Corvineiro, Golfinho Riscado, Golfinho-de-Risso, Boto Comum (mais pequeno que o golfinho comum e em extinção nalguns países) e a Orca, identificando as características e os comportamentos destes cetáceos.

Sendo o meio ambiente uma das grandes preocupações da DolphinExplorers, durante a viagem a tripulação recolhe o lixo que vai surgindo a flutuar no oceano, desde garrafas de plástico, esferovite, sacos de plástico e alguns objetos utilizados pelo veraneantes, como bolas, colchões insufláveis, entre outros. “Aproveitamos também para a consciencialização das pessoas em relação ao impacto e a nossa presença no mundo, com as consequências que tem e há pequenos gestos que nós podemos ter e podem ter uma grande influência no resultado. Nunca é tarde e é sempre possível qualquer coisa pelo meio ambiente. Todas as pessoas saem daqui com uma ideia diferente e com uma sensibilidade diferente”, refere Rui Cruz.

Texto e Fotos de Bruno Taveira