Um grupo de Médicos do Hospital de Cascais expressaram a sua preocupação com a atual situação de capacidade assistencial no que diz respeito ao tratamento de pacientes com condições neurológicas.
Numa carta aberta endereçada à administração do hospital, ao bastonário da Ordem dos Médicos e à Direção Executiva, divulgada pela Federação Nacional dos Médicos (FNAM), mais de 20 especialistas em Medicina Interna do referido hospital, uma instituição de parceria público-privada, destacaram uma séria diminuição na capacidade de atendimento.
O documento ressalta que desde agosto de 2023 têm sido observadas reduções na capacidade assistencial no Serviço de Neurologia, devido à saída de vários médicos neurologistas, inclusive com o risco de perda da idoneidade formativa. Atualmente, o Serviço de Neurologia conta apenas com uma médica em horário reduzido, incapaz de garantir internamentos ou apoio adequado à urgência e ao internamento de outras especialidades.
Além disso, os médicos apontam a falta de capacidade para realizar exames diagnósticos essenciais, como ecodoppler dos vasos do pescoço, eletroencefalograma, eletromiografia, entre outros, o que resulta em atrasos nos diagnósticos. Também expressam preocupação com a falta de familiaridade de internistas com certas condições neurológicas, o que pode prejudicar a tomada de decisões e o tratamento adequado dos pacientes.
Os médicos solicitam a criação de um protocolo de colaboração com outro hospital ou Unidade Local de Saúde capaz de fornecer os cuidados necessários aos pacientes neurológicos afetos à área de residência do Hospital de Cascais, até que a capacidade adequada seja restaurada. Destacam que as suas preocupações já foram comunicadas várias vezes à direção clínica e ao Conselho de Administração do hospital, sem que houvesse mudanças significativas.
A FNAM, ao divulgar a carta, ressalta que a desintegração das equipes e a perda de capacidade formativa de futuros especialistas são resultado da incapacidade em promover medidas que contribuam para a retenção de médicos, anunciou a Agência Lusa.
Após 14 anos a gerir a parceria público-privada (PPP) do Hospital de Cascais, a Lusíadas Saúde desistiu do novo concurso em 2022, citando a falta de sustentabilidade económica. O contrato foi assumido pelos espanhóis da Ribera Salud, levantando preocupações sobre a capacidade do novo operador em manter e atrair profissionais de saúde, dada a sua limitada presença em Portugal.