Um rastreio tem como objetivo detetar o cancro numa fase precoce para aumentar a probabilidade de sobrevivência e a qualidade de vida. Mas será que isto se aplica ao rastreio do cancro da próstata?
O cancro da próstata é o segundo cancro mais frequente nos homens. O seu rastreio inclui uma análise ao sangue (PSA) e, eventualmente, o toque retal.
Os estudos revelam que o risco de falecer devido ao cancro da próstata é de 0,9% se não fizer rastreio, reduzindo para 0,7% se fizer rastreio. Isto acontece porque o crescimento deste tipo de cancro é tão lento que mesmo os doentes não rastreados acabam por ser diagnosticados em fases iniciais, não tendo um prognóstico diferente dos não rastreados.
Por outro lado, são feitos diagnósticos de cancro em homens que iriam morrer de outra causa, tornando alguns procedimentos desnecessários. Acresce o facto do PSA poder estar elevado noutras situações, como a inflamação da próstata, aumentando ainda mais as biópsias e cirurgias.
Estes procedimentos podem causar dor, infeção e hemorragia bem como afetar muito a qualidade de vida futura. A cirurgia pode provocar incontinência urinária (7%), retenção urinária (8%) e disfunção erétil (40%).
Contudo, há fatores individuais que aumentam o benefício em realizar o rastreio: ter mais de 50 anos, familiares com cancro da próstata ou pessoas africanas, e ter sintomas (necessidade frequente de urinar, jato de urina fraco ou sangue na urina), devendo primeiro esclarecer-se com o seu Médico de Família.
Morgana Riso, aluna do 6.º ano do Mestrado Integrado em Medicina
Ana Dantas, Médica de Família, USF S. Martinho Alcabideche