Insegurança. Será só uma percepção?

48
Carlos Guimarães

O recente ataque à catanada, ocorrido na semana passada em frente à Escola
Secundária de S. João do Estoril, não pôde deixar de despertar, na população da
Quinta da Carreira, e na comunidade escolar, uma forte percepção de insegurança.
Acresce que, este acontecimento sucedeu a outro que ocorreu em meados de
Novembro, junto à estação dos Comboios, onde um grupo de quatro jovens assaltou
com violência um estudante do Liceu.

Nestas duas situações, a Polícia do Estoril reagiu com exemplar prontidão, permitindo
a rápida detenção dos agressores, tendo sido posteriormente decretada, pelo juiz, a
medida de coação mais gravosa. Prisão preventiva.
Podemos então ficar tranquilos?

No que diz respeito à reacção da Polícia, a eficácia demonstrada é sem dúvida
tranquilizadora e traz algum conforto saber que os agressores estão presos e inibidos
de dar continuidade à actividade criminosa.

Por outro lado, é preocupante a sucessão de acontecimentos nas imediações da
Escola. É importante que a PSP consiga antecipar os acontecimentos, evitando a
consumação dos actos e o decorrente despertar do alarme social.

No entanto, para que a PSP consiga atingir este objectivo. Para que a PSP consiga estar
mais presente e aumentar a eficácia na prevenção, serão necessários: mais meios,
mais recursos humanos, mais condições de trabalho, uma carreira remuneratória mais
atractiva e, por parte de alguma classe política, menos desautorização e mais respeito.

O coro de críticas que uma parte da classe política, de forma demagógica e populista,
levantou contra a denominada Operação de Particular Relevância de Combate e
Prevenção da Criminalidade, que a PSP levou a cabo recentemente na Rua do
Benformoso, em Lisboa, apenas contribui para a desautorização e desprestígio das
forças polícias.

Acredito que Portugal é ainda um país seguro, mas não podemos ficar sentados a olhar
para os números do RASI (Relatório Anual de Segurança Interna) de 2023 como se em
2024 não tivesse acontecido nada e como senão houvesse futuro. Não será preciso ser visionário, para ver o que se passa nos países do centro da Europa
e ver o resultado dos desequilíbrios sociais, gerados por fluxos migratórios de pessoas
com enquadramentos sociais, culturais e religiosos tão diferentes dos europeus.
Precisamos de imigrantes? Sim. Precisamos.

Mas temos a enorme responsabilidade de os saber acolher, enquadrar e integrar.
Temos também, a responsabilidade de conseguir educar e integrar os seus filhos a fim
de evitar que a 2.ª geração se transforme numa geração geradora de conflitos sociais e
criminalidade com acontece em muitos países do centro europeu.
Temos a responsabilidade de não permitir a criação de guetos onde predominará a
«ordem local» e não a Lei.

É um enorme desafio que temos pela frente e que nos últimos anos foi simplesmente
negligenciado pelos «ultra-progressistas de esquerda» que deixaram a «batata» para os governos seguintes.

Carlos Guimarães
Presidente da Direção da AMQC
Email: carlos.guimaraes.nc@gmail.com