Estoril Classics 2025 despede-se em apoteose

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O terceiro e último dia do Estoril Classics 2025 foi o culminar perfeito de um fim-de-semana de pura celebração do automobilismo. As bancadas voltaram a encher-se no Autódromo do Estoril e o paddock fervilhou de entusiasmo, num ambiente de consagração com 40.000 espectadores ao longo de quatro dias.

O rugido dos motores ecoou sem tréguas, compondo a banda sonora de um museu vivo que se moveu em alta rotação. O público vibrou com máquinas lendárias como o Lola T70, o De Tomaso Pantera ou o Porsche 908/3, protagonistas de corridas intensas que evocaram as grandes páginas da história do desporto motorizado.

A demonstração de Fórmula 1, integrada nas comemorações dos 75 anos da categoria máxima, voltou a emocionar os espectadores, encerrando o evento com a mesma reverência e espanto que o marcaram desde o primeiro dia. Contudo, foi a corrida do Classic GP, para monolugares de Fórmula 1 até 1986, que levou o público ao rubro.

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Classic GP: Toriba domina a corrida final

A segunda corrida do Classic GP ofereceu vinte minutos de drama, velocidade e intensidade. O britânico Steven Brooks, em Lotus 91, partindo da pole-position, viu-se surpreendido no momento da largada e caiu para terceiro. O japonês Yutaka Toriba, Williams FW07C, assumiu de imediato o comando, impondo um ritmo fortíssimo.

Brooks ainda recuperou momentaneamente o segundo posto, mas problemas técnicos no seu Lotus obrigaram-no a recolher às boxes na sétima volta, abandonando depois do triunfo de ontem. Atrás, Steve Hartley subiu a segundo caminhando para um bom resultado aos comandos do McLaren MP4/1 ex-John Watson, enquanto Jonathan Holtzman, Lotus 87B, subiu a terceiro, resistindo à investida de Dan Gore, Tyrrell 010, até à bandeira de xadrez.

No final, vitória incontestável do nipónico Toriba, coroando um fim-de-semana em que demonstrou velocidade e consistência apresentando um excelente cartão de visita, e ainda agradeceu em português ao público pelo apoio.

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O triunfo da diversidade e da história

As restantes categorias, organizadas pela Peter Auto, proporcionaram um desfile de emoções e contrastes. Na 2.0 Litre Cup, dedicada aos Porsche 911 de dois litros idênticos aos que dominaram os circuitos nos anos 1960, a vitória coube à dupla Vincent Kolb / Max Moritz, após uma exibição de consistência e ritmo.

No Classic Endurance Racing 2, reservado aos protótipos e GT de 1972 a 1981, Maxime Guenat levou o Lola T286 de 1976 à vitória, num verdadeiro hino à velocidade, superiorizando-se ao seu pai, Dominique Guenat, em TOJ SC303 de 1978. No degrau mais baixo do pódio ficou a dupla Tony Sinclair e Nick Padmore em Lola T292 de 1973.

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Já no Classic Endurance Racing 1, o triunfo foi para Armand Mille, num Lola T70, depois de resistir à pressão impiedosa do ex-piloto de F1, Jan Magnussen, pai de Kevin Magnussen, que, em equipa com Chris Ward, recuperou várias posições e terminou a menos de dois segundos do vencedor após uma última volta electrizante também aos comandos de um imponente protótipo da marca de Eric Broadley.

A Lotus voltou a demonstrar a sua supremacia entre os desportivos anteriores a 1966, assinando um pódio na The Gentlemen Challenge totalmente dominado pela marca britânica. Kyle Tilley, ao volante do Lotus XV de 1960, repetiu o triunfo de sábado com uma exibição de classe e consistência. Jakob Viggo Holstein, em Lotus 15 de 1959, terminou na segunda posição, enquanto Serge Kriknoff, com um elegante Lotus XI 1500 de 1956, completou o trio vencedor, numa corrida que celebrou o génio técnico e estético de Colin Chapman.

Maxime Guenat voltou a brilhar no Estoril Classics, triunfando de forma convincente na Heritage Touring Cup, categoria que revive o espírito indomável dos grandes carros de turismo das décadas de 1970 e 8190. Ao volante de um potente Ford Capri RS3100, o piloto suíço dominou uma corrida vibrante, repleta de ultrapassagens e sons que fizeram ecoar a era dourada do turismo europeu. Atrás dele, Armand Mille, também em Capri RS3100 Cologne, manteve a pressão até final, enquanto Yvan Mahé, num BMW 3.5 CSL de andamento consistente, completou o pódio.

O programa terminou com uma excelente corrida do Iberian Historic Endurance, vencida pelo alemão Christian Oldendorff, ao volante de um Ford GT40, que na sua terceira tentativa com este carro triunfou no Estoril Classics. O jovem britânico Tom Canning, na sua primeira prova ao volante de um clássico — neste caso, um Ginetta G10 —, foi o segundo classificado, superando Oliver Muyjens, também ao volante de um Ford GT40, num “sprint” final em que os dois terminaram separados por três centésimas de segundo.

Foi um dia de encerramento à altura da reputação do evento: corridas emocionantes, ritmo elevado e um público que viveu cada momento com a paixão de quem reconhece estar diante da história em movimento.