Quando os rins deixam de funcionar, a medicina proporciona terapêuticas de substituição,
que podem passar por transplante, hemodiálise ou diálise peritoneal.
O transplante é a alternativa que melhor substitui os rins doentes. No entanto, nem todos os doentes são passíveis de serem transplantados e, em algumas situações, é necessário
manter o doente equilibrado até ao transplante. Essa estabilização é conseguida mantendo
o doente em diálise: hemodiálise feita habitualmente três vezes por semana numa unidade
de saúde ou diálise peritoneal.
A diálise peritoneal é uma técnica que utiliza a membrana peritoneal (que envolve internamente toda a cavidade abdominal) para realizar trocas com o sangue, permitindo a
limpeza de resíduos do funcionamento do organismo e a eliminação de fluídos em excesso.
Este processo é conseguido introduzindo um líquido específico e adaptado às necessidades
do doente na cavidade abdominal. Para que tal, é implantado na parede abdominal, com
anestesia, um cateter (cateter de Tenckhoff) um mês antes do início do tratamento.
A diálise peritoneal é um processo indolor e repetido diariamente, 3 a 4 vezes ao dia,
consoante a condição clínica do doente, realizado de modo autónomo ou mecanizado por
uma máquina pré-programada.
Ao longo dos anos, a indústria tem desenvolvido líquidos dialisantes mais biocompatíveis e
máquinas mais sofisticadas, para facilitar o tratamento e minimizar os efeitos secundários do tratamento.
É o carácter de auto-tratamento que confere uma das vantagens desta técnica, pela
liberdade que proporciona aos doentes, com menor impacto na vida social e profissional em
comparação com a hemodiálise. Além disso, a menor necessidade de transportes entre a
clínica e domicílio acarreta inerentes vantagens económicas para o Sistema Nacional de
Saúde, para além do conforto para o doente.
Artigo de opinião assinado por Rui Filipe, membro da direção da ANADIAL