A 59ª edição da Feira Internacional de Artesanato do Estoril (FIARTIL) já começou. Uma excelente oportunidade para apreciar o trabalho, de cerca de duas centenas de artesãos e as técnicas de criação de suas obras. O evento decorre até ao dia 25 de agosto, próximo do Centro de Congressos do Estoril.
A FIARTIL é uma das feiras de artesanato mais antigas do país. Há 59 anos que tem vindo a promover artesãos, vindos de várias partes do país para exporem as suas obras. Além dos artesãos, os visitantes podem assistir a um diversificado programa de espetáculos musicais e dj´s, que animam os visitantes, sem esquecer a gastronomia portuguesa, com uma variedade de pratos típicos e petiscos regionais, distribuídos pelos diversos restaurantes e tasquinhas, que satisfazem os visitantes, que se deslocam diariamente ao
Estoril.
Segundo Coio Só, responsável pelo evento, “esta feira por edição atrai em média 100 mil visitantes”. Este número, destaca a popularidade e a importância do evento a nível cultural e artesanal. Em todas as edições, a organização da FIARTIL tem novos projetos, diversificando o evento, e este ano, “tivemos um intercâmbio de artesãos, no início do ano, tivemos artesões portugueses a ir ao Brasil fazer a feira brasileira e no início da FIARTIL vieram os artesãos brasileiros, fazer workshops sobre o artesanato que se produz no Brasil”, refere Coio Só.
Dos inúmeros artesãos presentes, Ana Mónica (Saloia com Pinta), iniciou-se no artesanato em 2016, especializando-se a pintar peças à mão, utilizando a madeira ou a argila, como material base. O seu trabalho foi inspirado em objetos antigos com texturas, “eu sempre gostei muito de texturas nomeadamente a olaria pedrada, os napons que havia em casa da avó, bordados a ponto cheio e quando comecei a pintar dei por mim, sem pensar nisso, à procura do mesmo efeito é por isso que as nossas peças têm todas relevo” baseada na nossa tradição, as peças são decoradas com “pintinhas”.
“Quando comecei decorava peças de outros autores hoje, temos uma linha própria já de catálogo, utilitária, decorativa, para todos os cantinhos da casa”.
Num expositor próximo, os artigos feitos em papel chamam atenção dos visitantes. Maria Rebocho (Re_Ideias), trabalhou como cenógrafa de figurinos em diversas companhias de teatro. Quando decidiu parar há doze anos, dedicou-se inteiramente ao artesanato e utiliza o papel de vários tamanhos e cores, molda para criar as suas peças, “eu gostava de ter feito barro, mas, para o barro é necessário ter condições e precisava de umas instalações maiores, o que achei mais parecido é o papel que se trabalha como o barro”, refere. Esta
técnica de reutilização, contribui para reduzir o desperdício, mas também demonstra a criatividade e a versatilidade em transformar materiais simples, em peças decorativas e uteis para o dia a dia, “construo taças, bases para os quentes, bijuteria, tradicionais figurados como presépios e outras figuras”.
Cátia Cardoso, é um caso de sucesso no artesanato. Após ficar desempregada há cerca de um ano, não desistiu e reinventou-se artisticamente, começando a pintar mandalas em pratos. O trabalho que desenvolve, caracteriza-se por um minucioso processo de pintura, onde a mistura de cores e o detalhe das mandalas, “saem da minha criatividade metal, porque não há uma peça igual à outra”. As peças únicas, pintadas com cuidado e precisão, refletem não apenas a habilidade técnica, mas também uma profunda conexão com a arte das mandalas, que simbolizam “a geometria sagrada, que está presente as flores, as nossas células são as mandalas, por exemplo os nossos olhos”. Esta mudança foi muito positiva, “ainda nem fiz um ano que estou nos mercados/feiras e tem corrido muito bem”, afirma a artesã.
Bruno Taveira