A atribuição de médico de família a 75 mil pessoas no Hospital de Cascais levou o Sindicato Independente dos Médicos (SIM) a pedir explicações ao Governo, questionando se esses cuidados serão prestados por especialistas de medicina geral e familiar.
O presidente do sindicato do SIM, Nuno Rodrigues, em carta dirigida à ministra da Saúde, Ana Paula Martins, pede «respostas claras e objetivas» às questões sobre como o Governo prevê «concretizar esta verdadeira revolução, onde um hospital serve de porta de entrada para os cuidados de saúde primários».
Recorde-se que no passado dia 19, o Conselho de Ministros aprovou uma resolução para dar acesso a médico de família a 75 mil pessoas até final deste ano, através da contratualização com o Hospital de Cascais, que integra o Serviço Nacional de Saúde.
Na carta enviada a Ana Paula Martins, Nuno Rodrigues alerta ser fundamental trabalhar no Registo Nacional de Utentes, de modo a eliminar duplicações e remover as muitas dezenas de milhares de utentes que já não residem no país, faleceram ou mudaram de residência.
Considerado um dos principais problemas do acesso dos utentes ao SNS, a falta de médicos de família tem vindo a agravar-se nos últimos anos, com o número de pessoas sem um especialista de medicina geral e familiar atribuído a aumentar cerca de um milhão desde 2019.
Em agosto de 2019, segundo dados do portal da transparência do SNS, 644.077 pessoas não tinham médico de família, número que aumentou para 1.675.663 no último mês, uma diferença de mais 1.031.586 utentes.
Para minimizar a falta destes especialistas, o Governo aprovou recentemente a criação das Unidades de Saúde Familiar modelo C, que vão ser geridas por autarquias e setores social e privado. As primeiras 20 abrem em Lisboa e Vale do Tejo, Leiria e Algarve, onde se verifica maior falta de médicos de família.