O Instituto Português do Mar e da Atmosfera(IPMA) registou, esta terça-feira, duas réplicas do sismo ocorrido na segunda-feira com epicentro próximo do Seixal, prevendo que se possam registar mais, disse à Lusa o sismólogo Paulo Alves.
Segundo este especialista, os sismos ocorridos esta terça-feira, o primeiro de 2,4 na escala de Ritcher, pelas 10h30, e o segundo de 1,8, pelas 11h34, trata-se de réplicas, já que são «sismos muito perto do sismo principal», que ocorreram «nos bordos da falha principal que foi ativada ontem [segunda-feira]».
Paulo Alves explicou que as réplicas, normalmente, «no máximo têm um grau menos do que o sismo principal», lembrando que pela intensidade do sismo ocorrido na segunda-feira, «provavelmente não chegam a 4 [na escala de Ritcher]».
«Se nós estamos a considerar um evento como o de ontem [segunda-feira], de 4,6, que foi sentido com a intensidade de 5, as réplicas têm obviamente uma intensidade mais baixa, como o sismo é no mesmo sítio, e a energia posta é bastante menor, então significa que a intensidade também vai ser menor», explicou. Desta forma, adiantou também a replica desta terça-feira de 1,8 «não chegou a ser sentida» e, provavelmente, acrescentou ainda será o caso mais comum que a «maior parte das réplicas deste evento, não é um evento muito grande, não serão sequer sentidas».
De acordo com o sismólogo, as réplicas são comuns e fazem parte «da reativação das tensões à volta do campo de falha», considerando que as «tensões vão-se reorganizar e vai haver pequenas quebras momentâneas à volta do plano principal que rompeu ontem [segunda-feira]».
Paulo Alves explicou também que o sismo de segunda-feira «não tem nada a ver» com o ocorrido em agosto do ano passado, que teve magnitude de 5,3 na escala de Richter e ocorreu 58 quilómetros (km) a oeste de Sines, em Setúbal.
«O que é comum nestes sismos é o campo de tensão regional, que é semelhante em todo o litoral português. Desde o centro do território português até ao sul, o ambiente regional é comum», salientou.
Paulo Alves explicou também que a crosta continental «ainda alcança alguns quilómetros» naquilo a que se dá o nome de continente, «porque não acaba onde aparece o mar atualmente».
«O continente, do ponto de vista geológico, tem alguns quilómetros ainda dentro do mar, e toda a crosta está intensamente partida, porque é uma crosta muito antiga», explicou, referindo que «foi reativada (…), está extremamente, digamos em termos simples, quebrada no seu interior».
O sismólogo disse ainda que nos próximos dias «as réplicas são expectáveis», salientando, no entanto, não ser possível dizer que irá haver «um sismo semelhante a este, noutra região».
Desta forma, Paulo Alves recomenda à população que «observe os sítios onde estão a maior parte do tempo» e saiba o que tem a fazer, já que o comportamento poderá ser diferente consoante o local onde a pessoa se encontra.
O responsável aconselhou a que sejam seguidas as indicações da Proteção Civil, lembrando que, em muitas instituições, «há indicações sobre o que fazer e que às vezes podem ser um bocadinho diferentes de caso para caso se se estiver na rua, em casa, no carro».
«As pessoas que derem um pouco de atenção a este tipo de instruções estão mais capacitadas a responderem bem quando acontecer um sismo. O que eu peço é que observem o seu meio ambiente, observem as suas rotinas, para não terem de pensar na altura, porque quando acontece qualquer coisa, não é a altura em que nós vamos começar a pensar conscientemente o que é que vamos fazer», frisou.
Registe-se que o sismo de 4,7 na escala de Richter registado pelas 13:24 de segunda-feira, com epicentro a cerca de 14 quilómetros a sudoeste do Seixal, distrito de Setúbal, foi sentido com intensidade máxima em Sintra (Lisboa) e Almada (Setúbal) e com menor intensidade nalguns concelhos da região Centro ao Algarve.