Durante oito dias, oito artistas nacionais dão vida às fachadas de quatro edifícios no Bairro da Torre em Cascais, através da arte e criatividade. Destacam-se Youthone, Add Fuel, Gonçalo Mar e Kiam que, com as suas abordagens distintas, trouxeram uma nova vida aos espaço urbanos.
As cores vibrantes, as formas dinâmicas e as texturas ricas nas fachadas dos prédios, representam as obras de arte, “numa espécie de museu” a céu aberto, que os oito artísticas nacionais criaram durante oito dias. Cada intervenção artística trouxe um toque único aos edifícios, transformando-os em pontos de destaque visual, um exemplo claro de criatividade e a expressão artística. Essas obras não só embelezam o espaço urbano, mas também reforçam a identidade cultural do bairro, tornando-o um local de visita obrigatória.
Catarina Ventura, responsável de Comunicação do Festival Infinito, organizado pela Associação Somos Torre, refere que nesta sexta edição o objetivo é realizarem a edição no local onde tudo começou. “Nesta edição centramo-nos na Torre, porque tem sido uma vontade de voltar ao bairro, nos primeiros anos foi feito aqui o Festival Infinito, nós quisemos reabilitar o bairro e achámos que agora passado estes anos seria uma boa escolha”, refere. Em edições anteriores o Festival Infinito marcou presença em todas as freguesias do concelho sempre com o mesmo objetivo, reabilitar e chamar atenção para a arte urbana, tal como aconteceu na edição passada. “Fizemos no parque Marechal Carmona um bocadinho mais aberto e a tentar trazer mais as pessoas do centro de Cascais a cultura urbana, há dois anos reabilitamos algumas escolas do concelho, agora que já fizemos mais fora da comunidade, vamos voltar a trazer mais junto da comunidade”.
Na edição deste ano, a organização lançou um desafio interessante aos artistas, cada fachada seria pintada em colaboração com outro artista. Essa abordagem colaborativa incentivou a fusão de estilos, técnicas e ideias, resultando em criações únicas. “Deixamos ao critério dos artistas serem eles a escolher com quem queriam colaborar, todos foram muito acessíveis em vir ao festival”, refere.
Entre os participantes do festival, destaca-se Youthone (pseudónimo), uma figura icónica no cenário da arte urbana portuguesa, considerado o impulsionador e pioneiro a introduzir esta forma de expressão artística no contexto nacional. Começou a pintar os primeiros murais em Carcavelos, no final da década de 80. No Festival Infinito a sua participação não remonta apenas a profundidade histórica do movimento, mas também a uma abordagem madura e evoluída do graffiti, destacando a importância de integrar a arte urbana no espaço público, como uma forma de revitalização e revalorização dos ambientes urbanos. “É bom passado 36 anos continuar a pintar e essa é a minha maior alegria, principalmente num festival, porque acaba por ser um reconhecimento do meu trabalho”, afirma.
No festival colabora com a artista Moami, escolheram a figura feminina que representa a comunidade local e todas as pessoas através da cor, conforme refere o artista. “Nós estamos a usar a cor como a nossa identificação, com cores vivas, cores africanas neste caso, cores que apelam à alegria a unificação, estamos a usar símbolos como o coração a rosa, que tem a ver com a paixão, depois vamos usar o azul tem a ver com harmonia, o verde, o amarelo tem a ver com a criatividade, o roxo, o branco tem a ver com a luz, neste caso a nossa pintura é para todos, ou seja, é uma mensagem de amor”.
Para Youthone, a arte urbana evoluiu significativamente ao longo dos anos, assumindo novos contornos de aceitação e reconhecimento. O que começou como uma forma de expressão marginal, muitas vezes associada à ilegalidade e à clandestinidade, hoje é amplamente valorizado como uma importante manifestação artística. “É sinal que também a sociedade abriu a mente, eu acho que a arte é além de tudo, algo gratificante e ter arte pública gratuita é muito bom para todos, o facto de os moradores permitirem que as fachadas sejam pintadas significa que há uma abertura, é positivo para todos, a cultura é sempre bem-vinda”, afirma.
Para quem quiser apreciar as obras de arte criadas na edição deste ano, há oportunidade de visitar as fachadas do Bairro da Torre, que contou com a presença dos artista, Huariu, Jio, Halfstudio, Add Fuel, Youthone, Moami, Gonçalo Mar e Kiam.
Texto e Fotos de Bruno Taveira